Os milhos da Tasquinha do Matias

Um monumento único em Portugal como pano de fundo e uma mesa recheada de tradições gastronómicas da região do Ribadouro, são algumas das coisas que podemos encontrar no restaurante A Tasquinha do Matias. Um espaço acolhedor, com uma decoração simples, mas particular e pratos ao bom gosto da gastronomia tradicional da região do Douro. Desde sempre Filomena Matias, gerente do espaço, e a sua equipa de trabalho apostaram na qualidade dos pratos e no conforto daqueles que o visitam.

O restaurante a Tasquinha do Matias encontra-se em Ucanha, uma aldeia histórica do concelho de Tarouca. Por ali tudo é pedra, desde a torre fortificada até à ponte romana que faz a travessia do rio e dá acesso ao restaurante. As pedras poderiam contar anos e anos de história inclusive, mais recentemente, a de uma tasquinha que surgiu por ali no início dos anos 80. Mais tarde viria a tornar-se num restaurante aquando Filomena Matias deu seguimento à casa que o seu pai construíra.

Orgulho, arrojo, simpatia e criatividade são apenas quatro formas de descrever a ligação de Filomena Matias à gastronomia regional e à própria região. Foi durante 15 anos emigrante, onde trabalhou na área da restauração, voltou para Portugal, onde morou em Lisboa. Acabou por regressar à sua terra natal anos mais tarde onde concretizou o sonho de abrir o seu restaurante com a cozinha regional. Aliou o rigor e organização suíço à gastronomia portuguesa e ao seu talento natural como cozinheira – a sua dinâmica e vontade de vencer fizeram o resto e tornaram n’ a Tasquinha do Matias uma referência entre o Douro.

 

Uma carta onde a tradição é rainha

A Tasquinha do Matias é um espaço acolhedor com decoração sóbria, mesas confortáveis, atoalhados dignos e excelente serviço de mesa. O restaurante propõe-se a oferecer produtos locais e regionais de qualidade: “o cabrito, o cordeiro no forno de lenha, a posta de vitela na telha, as costeletas de cordeirinho na brasa e os enchidos da nossa região - alheiras, moiras, chouriças”, enumerou Filomena Matias. No entanto, não estivéssemos afinal a falar de gastronomia regional, quem por ali é rei são os milhos à lavrador, servidos em potes de ferro e confecionados à moda da casa. “O meu avô era moleiro e a minha avó fazia sempre os milhos no pote, vê-la a fazê-los era uma paixão que tinha”, explicou Filomena, uma das razões pelo destaque que os milhos auferem na ementa. Também a Marrã e, durante o mês de setembro, o bazulaque (pratos típicos do conselho de Tarouca) são ali servidos e considerados como fundamentais na carta da Tasquinha.

  

Os produtos servidos são frescos e saborosos, a carne é comprada todos os dias para garantir a sua frescura e as verduras são cultivadas na horta de Filomena Matias. Na escolha pelo que beber imperam os vinhos maduros característicos do Douro e a Murganheira, que tem a sua produção e caves bem perto do restaurante. Na serventia, um sorriso esboçado e uma preocupação pelo conforto de cada cliente são parte dos segredos da casa, como indicou Filomena: “tentamos atender o cliente como se fosse um familiar. Comer come-se em todo o lado, mas simpatia não se encontra em quase lado nenhum, é isso que quero sempre, muita simpatia”. Para apimentar a vontade e acrescentar razões para que todos os leitores visitem a Tasquinha do Matias acrescentou: “Para além da boa mesa, aqui a paisagem é formidável. É tudo uma envolvência entre as ruas a história e a cozinha”.

 

Dinâmica e Empreendedorismo

Apesar de hoje ser uma casa de referências, os primeiros anos foram austeros, frutos de estar numa região cada vez mais despovoada e de se localizar no interior do país, que parece ter sido esquecido pelos governos centrais. Mulher de armas e dedicação, Filomena aproveitou o património de Tarouca - incluindo a torre fortificada de Ucanha, uma estrutura única em Portugal - e criou uma rota turística com a oferta gastronómica da Tasquinha do Matias. Apresentou essa proposta em diversas feiras de turismo. Os monumentos, que apesar de transcendentes, estavam ao abandono dos olhares da população e acabaram a ter um aumento considerável de visitas. Consequentemente a tasquinha viu crescer os seus clientes de dia para dia. Hoje são incontáveis os idiomas e turistas que passam pelo restaurante. Os cruzeiros do Douro representam uma fatia considerável, mas são várias as agências de turismo que percebem que a Tasquinha do Matias é uma passagem incontornável, até porque ali residem os sabores da região.

 

Futuro

Fruto da visão e do trabalho de Filomena Matias, hoje a Tasquinha do Matias é um destino obrigatório a quem visita o Douro. Apesar de ter conquistado uma posição confortável no panorama da restauração local, a gerente mantém a sua visão e empreendedorismo com novos projetos para o futuro. No final do ano o restaurante terá um aumento de mais 40 a 60 lugares. Num espaço que é hoje um antigo lagar de vinho, irá transformar-se numa garrafeira rústica e tradicional. Para além do serviço de restaurante, acrescerá ainda o serviço de um bar requintado pelos segredos tradicionais de uma região carregada de histórias.